terça-feira, 30 de julho de 2013

ONDAS


ONDAS

Onde - ondas - mais belos cavalos
Do que estes ondas que vóis sois
Onde mais bela curva de pescoços
Onde mais bela crina sacudida
Ou impetuoso arfar no mar imenso
Onde tão ébrio amor em vasta praia.

Sophia de Mello Breyner Andersen

ESPERO


ESPERO

Espero sempre por ti o dia inteiro,
Quando na praia sobe, de cinza e oiro,
O nevoeiro
E há em todas as coisas o agoiro
De uma fantástica vinda.

As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.

Sophia de Mello Breyner Andersen

MAR SONORO

MAR SONORO

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho.
Que momentos há em que suponho
Seres um milagre criado só para mim

Sophia de Mello Breyner Andresen,

A ANÉMONA DOS DIAS

A ANÉMONA DOS DIAS

Aquele que profanou o mar
E que traiu o arco azul do tempo
Falou da sua vitória
Disse que tinha ultrapassado a lei
Falou da sua liberdade
Falou de si próprio como dum Messias
Porém eu vi no chão suja e calcada
A transparente anémona dos dias.

Sophia de Mello Breyner Andersen

LUSITÂNIA

Lusitânia

Os que avançam de frente para o mar
E nele enterram como uma aguda faca
E proa negra dos seus bracos
Vivem de pouco pão e de luar.

Sophia de Mello Breyner Andresen,

MAR

Mar

 De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua,
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

Sophia de Mello Breyner Andresen